25/10/2011

Deu a louca no mercado?


REVISTA VOCÊ S/A ONLINE

Às vezes, tenho a sensação de que as empresas, ao montar o perfil de uma vaga, pensam nas qualidades que o candidato deverá ter para resolver todos os seus problemas, e não apenas aqueles relacionados à vaga. Concordo que os profissionais precisam de uma visão holística, mas não precisa ser igual à do diretor. Tenho experiência em grandes companhias e boa formação escolar e profissional, mas ficam algumas dúvidas: se realmente meu currículo é tão bom como as empresas de recrutamento dizem, se a dificuldade de encontrar bons profissionais está realmente no mercado, que está escasso, e se a exigência das organizações é real, e não exagerada” – Engenheira mecânica de Recife (PE)
“Quando vejo matérias falando sobre a falta de qualificação da mão de obra no Brasil, fica no ar um sentimento de que nós, profissionais, é que não estamos nos qualificando adequadamente. Tenho conversado muito com outros colegas sobre o assunto e percebo que eu e a grande maioria deles temos a mesma visão no que diz respeito a ser profissional versus demanda do mercado. Fica aí a sugestão para uma capa da Você S/A: ‘Você é um canivete suíço?’” - Profissional de TI de São Paulo (SP)
Depoimentos como estes acima têm chegado à redação cada vez mais frequentemente, assinados tanto por leitores que estão empregados quanto por aqueles que buscam recolocação. Eles escrevem compartilhando de uma mesma sensação: a de que, em um momento em que as empresas reclamam que falta gente qualificada, parece que elas estão buscando um perfil que realmente não existe. Do lado dos profissionais, há a desconfiança de que a seleção está sendo feita a partir de critérios descolados da realidade, o que acaba deixando de fora do mercado pessoas com formação e experiência úteis num momento de escassez de mão de obra, em vez de favorecer a entrada de quem está disposto a trabalhar. Por parte das organizações, há a necessidade de acertar rapidamente na contratação, e isso explica em parte os critérios mais rigorosos e a busca de um modelo de profissional perfeito, que não existe na prática, mas serve de gabarito para praticamente todos os níveis. Nossa reportagem de capa investiga as incoerências do mercado de trabalho e as razões para esse aparente descompasso entre a percepção de quem quer trabalhar e a demanda das corporações. O fato é que nunca houve tantos brasileiros empregados quanto agora — são 92 milhões — e há muitas vagas abertas em setores variados. É um momento muito bom para o profissional, mas para aproveitá-lo é preciso que você tenha investido não só no seu currículo. É preciso ter uma história de resultados, uma rede de contatos ativa e bastante noção de quais são seus pontos fortes e o que precisa desenvolver para dar o próximo salto. Quem se mantém atualizado e cuida da reputação tem mais chances de conseguir crescer junto com o país. Continue escrevendo pra gente e compartilhando das suas angústias e das suas conquistas. Boa leitura!

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