REVISTA VOCÊ S/A ONLINE - Só uma mulher sabe como é difícil manter os nervos controlados em dias de TPM. É preciso buscar ao máximo equilíbrio — e evitar surtos — para não deixar o ambiente de trabalho impraticável
Pedir para uma executiva assumir que tem tensão pré-menstrual no ambiente de trabalho parece quase assédio moral. Três toparam falar sobre o assunto.
Doreen Hissette é gerente financeira da British Telecom e cuida das contas globais para a América Latina. Precisa garantir as metas atuais da multinacional, o que gera muita tensão em época de virada de orçamento. Ela assume que já teve de se tratar por causa de uma gravíssima crise de TPM. "Eu podia morder o nariz de alguém (risos). Mas hoje me sinto bem mais tranquila. Passar pelo problema ajuda a entender a TPM de outras mulheres, a se pôr no lugar do outro e saber negociar de forma adequada com quem não está num dia bom", diz.
"Já briguei com um pedaço de bacon ao fritá-lo porque ele ia se enrolando por causa do calor. Batia na frigideira e ele não fazia o que eu queria. Hoje dou risada da situação e minha família se diverte com a história." Doreen acredita que as executivas sabem lidar com a TPM, se conhecem e se respeitam, evitando embates mais sérios nesses dias, senão elas não estariam onde estão.
Thaís Helena Martinelli, sócia-diretora da i9Pós, empresa de tecnologia, setor majoritariamente masculino, se diz privilegiada por não sentir os efeitos da TPM. Atenção: registre-se isso entre os que trabalham com ela. "Antes de nascer não passei na fila da TPM. O problema é quando há profissionais que deixam esse ‘período obscuro’ influenciar nas atividades, na execução de projetos, ficando ausentes de reuniões e até mesmo gerando conflitos internos."
Quer dizer então que nos ambientes corporativos mulheres como Thaís já conseguem controlar completamente as emoções, os hormônios e as lágrimas em momentos de tensão extrema? "Vejo que as mulheres estão demonstrando menos suas fraquezas e estão mais preparadas para receber notícias ruins e aceitar feedback mais negativos, mantendo um comportamento racional", acredita Thaís.
Malu França conviveu em dois ambientes de trabalho bem distintos. Hoje é diretora de relacionamento do Sheraton São Paulo WTC, mas já trabalhou por 20 anos no mercado fonográfico, divulgando artistas nacionais e internacionais. Sempre se saiu bem. Motivo: "não tenho TPM", ou seja, é outra da turma que diz passar longe da crise. Mas dedura as colegas. Ela lembra que conheceu uma moça que chegou a se trancar numa sala e se deitar no chão em um dia de crise, sem condições de trabalhar.
"Isso não pode acontecer, perde-se o andamento do trabalho". Malu assume que, sim, tem um dia do mês que se sente mais fragilizada, mas nada de fazer cena, porque seu diferencial é o bom humor. Ela acredita que, se a TPM for realmente grave, a funcionária tem de ir ao médico e se tratar. "Trabalhei em ambiente mais informal e a tendência era as pessoas se soltarem mais. No mundo corporativo, as mulheres são mais racionais e sabem que é preciso ter postura."
Para a executiva, a mulher tem de se dar ao respeito em ambientes coletivos. Da mesma maneira que o homem, aliás. Na dúvida, se tranque no banheiro, chore baixinho, retoque a maquiagem, volte para sua mesa e finja que nada aconteceu.
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