24/07/2011

Dependência virtual

Rita Palladino/Press & Mídia

A World Wide Web (internet) existe há 22 anos, e, no Brasil, entrou nas vidas de trabalhadores, estudantes e pessoas comuns apenas no final dos anos 90. Entretanto, não há como imaginar a vida corporativa e pessoal de uma pessoa sem essa ferramenta de acesso ao mundo e às informações. Entretanto, há uma face na web, que é a dependência virtual, que faz com que pessoas não consigam viver sem acesso à rede.

Em artigo, o psicólogo António Valentim, da ONG Criar Outra Escola (COE), afirma que não é o caso de desincentivar o uso da internet, mas recomendar que se preste atenção a se o uso dessa ferramenta não está causando dependência, e se isso for percebido, tentar limitar o tempo de utilização.

“A dependência da internet é uma nova dependência, um novo vício, que afeta não só os jovens, mas também os adultos que procuram uma constante necessidade, não de informação propriamente dita, mas de um escape ao mundo real”, diz o psicólogo no artigo. Ele afirma que o vício pode tornar a internet mais agradável à pessoa e faz com que, para essas pessoas, outras atividades, como a convivência familiar e o trabalho passem para segundo plano. “A internet é, de fato, uma fonte de liberdade e de construção de redes sociais onde a conotação virtual, desde que predominante, se torna prejudicial em termos de saúde mental”, continua.

O psicólogo, é claro, não diz que a culpa é da internet, pois para ele a cyber dependência  das pessoas é a mesma que a dependência de álcool, drogas, compras, sexo  etc. “Este aparecimento de dependência ao mundo virtual, juntamente com o desenvolvimento das novas tecnologias, pode ser a moderna expressão de mal-estares que muitos enfrentam e um sintoma de carências afetivas ou psicológicas já existentes. Esta dependência é, portanto, uma forma de evitar o ato de encarar a realidade quando esta se torna demasiado angustiante, frustrante e insuportável”, diz ele.

O psicólogo continua seu artigo, afirmando: “A utilização excessiva da internet revela uma disfunção social, familiar, podendo até mesmo interferir na área profissional e acadêmica devido à má gestão de tempo. Todo este comportamento vem confirmar que as necessidades psicológicas do indivíduo não foram levadas em conta, e a rede mundial dá a esse indivíduo a ilusão de que ali ele é valorizado e aceito”.

No artigo, António Valentim dá algumas dicas sobre como se prevenir contra essa dependência: “As questões são as mesmas, e nada têm a ver com o internet em si. São questões como se a criação da pessoa foi dentro de limites e regras adequadas; Se a afetividade fez parte de sua criação; Se teve atenção dos pais e se foi devidamente valorizada etc. De uma forma geral, as respostas a estas perguntas determinam o equilíbrio psicológico do futuro adulto, porque têm a ver com a estabilidade emocional, com a autoestima, com a autoconfiança, com o senso de responsabilidade e de maturidade, tanto para enfrentar, quanto para ultrapassar situações complexas”.

O psicólogo conclui que, “o foco do problema não deve residir nas novas tecnologias, ou noutras possíveis invenções com todas as virtudes e defeitos, mas nas características de personalidade de quem as vai utilizar, personalidade essa que se foi construindo ao longo da sua infância e na adolescência”.

Retirado de:http://www.vocecommaistempo.com.br/Reportagens/Dependencia-virtual_405.html

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